Capitão do Flamengo no título da Copa do Brasil de 2006, quando tinha 24 anos, e convocado para a seleção brasileira na mesma temporada, Jônatas enxergava no horizonte um futuro brilhante profissionalmente. Porém, sete anos depois, ele olha para trás e percebe que sua carreira desmoronou. Longe do futebol desde 2011, quando tentou sua última cartada no Figueirense, o ex-volante vive em Fortaleza e revela aquela que considera a razão de seu declínio: o mau relacionamento com o pai. Com o incentivo da filha July, de quatro anos, ele garante que está pronto para voltar a jogar no início do próximo ano (assista ao vídeo ).
De acordo com Jônatas, a relação com o pai piorou à medida que seu sucesso aumentava dentro dos gramados.
- Tinha jogo em que eu fazia uma grande partida e queria sair antes de acabar porque aquilo já estava me deixando mal. Eu ficava preocupado com o que iam falar em casa, qual o problema que ia ser no outro dia: "Ah, não, é o filho queridinho, é o filho isso ou aquilo". Eu sofri demais com isso. Só queria jogar futebol e ver meus pais felizes em casa, mas isso não aconteceu. Meu pai não soube aceitar meu sucesso. Aquilo foi me atrapalhando dentro de campo porque meu pai ficou contra o meu sucesso - desabafou.
Jônatas diz que a má relação com o pai o
atrapalhou dentro de campo (Foto: Reprodução)
O drama entre os dois alcançou o ápice em dezembro de 2006, quando o pai sofreu um sequestro meses depois de Jônatas se transferir para o Espanyol. A relação desmoronou de vez. Para alguém que saiu de casa ainda jovem para fazer sucesso e ajudar a família, a rejeição paterna se revelou um duro golpe.
- Não me fez mal a Europa. Eu que não estava preparado para os problemas que eu já levei para lá. Depois do sequestro, ele achou que não era feliz porque eu era jogador de futebol, e aquilo mexeu demais comigo. Eu ainda tentei e teve um momento em que eu disse: "Não dá para mim. Tenho que procurar alguma ajuda pra sair dessa situação" - lembra.
Quando voltou ao Brasil, em 2008, Jônatas tentou retomar durante três anos a carreira, por Flamengo, Botafogo e Figueirense. No entanto, àquela altura já não existia a paixão pelo futebol. Em 2011, aos 28 anos, ele decidiu parar de jogar.
- Já estava entrando em campo e não tinha prazer de jogar futebol. Aquilo estava me fazendo mal dentro de campo, fora e em casa. E não deu certo - lembrou.
Após a aposentadoria, Jônatas se refugiou em casa, em Fortaleza, na companhia da mãe, da esposa e da filha July, de quatro anos. Evitou qualquer contato com o futebol e nunca quis dividir os problemas com os psicólogos dos clubes ou até em casa. Recentemente, optou por pedir ajuda, e há um ano faz tratamento para superar o trauma que atrapalhou o caminho dele no futebol. Porém, o ex-volante conta que a verdadeira mudança em sua vida aconteceu graças à pequena July, que, mesmo sem entender o que aconteceu, incentiva o pai a dar a volta por cima. Os grandes momentos na carreira estavam adormecidos na cabeça dele, mas hoje ele já lembra com saudade.
Jônatas foi capitão do Flamengo no título da Copa doBrasil, em 2006 (Foto: Agência O Globo)
- A minha filha tem quatro anos só, mas, quando ela passa pelo Castelão, ela pergunta: "Papai, você vai voltar a jogar?". Aquilo mexe comigo e eu digo: "Papai vai voltar, você vai ter orgulho do papai". Hoje me sinto bem para poder voltar a jogar futebol e hoje te falo, do fundo do coração, que a única coisa que eu quero na vida é voltar a jogar. A felicidade que tive no futebol foi esse título da Copa do Brasil, em 2006. Era uma coisa que eu me cobrava, queria ser campeão pelo Flamengo e sendo capitão. Consegui - contou.
Em janeiro de 2014, ele pretende estar de volta ao mundo do futebol. Hoje com 31 anos, pretende retomar a carreira pela filha e até pelo próprio pai.
- Ele é uma pessoa importante na minha vida, mas não tinha noção das coisas que estava fazendo no momento em que eu mais precisava dele. Amo o meu pai, como amo a minha mãe, mas queria que ele soubesse que todos esses problemas que eu criei dentro do futebol foram porque eu estava preocupado com ele, querendo a felicidade dele. Ele não soube entender isso.