quarta-feira, 11 de setembro de 2019

´Esqueça um livro´ incentiva leitura

Projeto estimula pessoas a "esquecerem" obras literárias em locais públicos para que outras possam ler
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O que você faria se estivesse caminhando no meio da rua e, de repente se, deparasse com um livro "esquecido" em algum local? Possivelmente, você imaginaria que alguém o teria perdido. Mas, e se ao abrir o exemplar você fosse surpreendido com uma mensagem escrita à mão dizendo que aquele livro é seu e, após lê-lo, você deverá deixá-lo em um logradouro para que mais pessoas tenham acesso àquela história?
Em Fortaleza, o universitário Myke Guilherme já “esqueceu” três livros com dedicatórias pelas ruas. De longe, observou a reação das pessoas que os encontraram. A intenção é que elas voltem a “esquecer” as obras depois de lê-las

É o que vem fazendo centenas de pessoas Brasil afora. A iniciativa, intitulada "Esqueça um livro", partiu do jornalista Felipe Brandão, de São Paulo, inspirada no conceito de BookCrossing, criado nos Estados Unidos no começo dos anos 2000.
Hoje foi a data escolhida por Brandão para ser o dia nacional do "Esqueça um livro". O objetivo é que em todos os estados brasileiros alguém separe um exemplar para "esquecer". Em Fortaleza, algumas pessoas já estão pondo em prática a iniciativa. A exemplo do estudante universitário Myke Guilherme, 20.
Ele, que sempre gostou de compartilhar (emprestar) livros com amigos, escolheu três que já havia gostado muito e resolveu passá-los adiante. O primeiro foi deixado em cima de um telefone público, um segundo em cima de um banco de concreto em uma praça e um terceiro em uma pedra, no cruzamento de duas movimentadas avenidas.

Compartilhamento
De longe, ficou observando quem os pegaria. "Me senti muito feliz vendo a reação de cada um. Primeiro, eles achavam que alguém tinha esquecido sem querer, mas depois que abriam o livro e viam a dedicatória começavam a sorrir. Olhavam para os lados, achando que era brincadeira. Foi bem legal", conta. Guilherme explica que esta foi a maneira que encontrou de compartilhar com mais pessoas a história que leu naquele livro.
Combinando leitura e urbanidade, o conceito convida os leitores a deixarem livros em locais públicos para que outra pessoas encontrem, leiam, e voltem a abandoná-los, em uma espécie de cadeia a favor do acesso à leitura. A base do projeto é uma fanpage no Facebook que conta com mais de 12 mil seguidores.
Idevaldo Bodião, professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará (UFC), elogia a iniciativa e reforça que qualquer projeto que vise estimular o hábito da leitura é visto com bons olhos. "As escolas ´forçam a barra´ para certas leituras, em geral chatas. Sou favorável a práticas que estimulem leituras, que façam com que a pessoa aprenda a gostar de ler desde a infância", avalia.
Entusiasmado com o projeto, o especialista disse que hoje mesmo vai comprar um livro "esquecer" por aí. "Já fazia isso com jornais e revistas. Depois de ler, deixava em espaços públicos com a perspectiva de que alguém lesse", conta. Bodião salienta que a divulgação do projeto, sobretudo nas redes sociais, será fundamental para que a iniciativa seja difundida em Fortaleza. Se der certo, acrescenta, pode ser uma estratégia de circulação literária interessante.

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