segunda-feira, 1 de julho de 2019

Vacinação: quais são as principais fake news?

Órgãos de saúde estão preocupados com o crescimento do movimento antivacina e alertam quanto ao compartilhamento de boatos nas redes sociais
Principais argumentos estão ligados a efeitos
 adversos  na população infantil; Ministério da Saúde
 nega.
Foto: Nah Jereissati
“hesitação em se vacinar” é uma das dez ameaças globais à saúde em 2019, para a Organização Mundial de Saúde (OMS). A entidade alerta que a relutância ou a recusa em se imunizar, mesmo com a vacina disponível, pode reverter os efeitos do combate às doenças preveníveis por meio da medida.

A chamada surgiu após o crescimento de um movimento antivacina,na última década, principalmente em países da Europa e da América do Norte. Um grupo de estudos da Organização identificou a “complacência”, a “inconveniência” e a falta de confiança no método como os principais motivos para a hesitação.

A OMS estima que entre 2 e 3 milhões de mortes sejam evitadas, por ano, por causa da vacinação. Outras 1,5 milhão de mortes poderiam ser evitadas se a cobertura global de imunização fosse mais ampla.

“No Ceará, esse movimento não é forte ao ponto de impactar nas nossas coberturas vacinais, mas é lógico que existe, até pela desinformação por causa de fake news”, explica Daniele Queiroz, coordenadora de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa).

“Isso cresce mais em famílias que têm poder aquisitivo melhor e mais acesso à informação. Os pais buscam orientação sobre vacinas e acabam sendo levados a informações que não são verdadeiras. Como nossos serviços têm impacto maior para famílias de menor renda, a gente não vê tanto essa questão do movimento antivacina”, diz.

O Ministério da Saúde recomenda que eventuais dúvidas sejam esclarecidas somente com médicos ou fontes oficiais, e que as redes sociais não sejam utilizadas para compartilhar boatos. Confira uma lista de fake news já compartilhadas sobre o tema e negadas pelo órgão federal:

“Vacinas causam autismo”

Um estudo apresentado em 1998, que levantou preocupações sobre uma possível relação entre a vacina tríplice viral (contra o sarampo, a caxumba e a rubéola) e o autismo, foi considerado “seriamente falho” e retirado pela revista que o publicou. Ou seja, o órgão ressalta que vacinas não causam autismo.

“Boa higiene e saneamento fazem as doenças desaparecerem”

Lavagem das mãos e uso de água limpa ajudam a proteger as pessoas de doenças infecciosas, mas muitas delas podem se espalhar independente de quão limpos estamos. Logo, doenças que podem ser prevenidas por vacinas retornarão caso os esquemas de imunização sejam interrompidos.

“As vacinas têm efeitos colaterais e de longo prazo que ainda são desconhecidos, e podem até ser fatais”

“As vacinas são muito seguras”, garante o Ministério, lembrando que a maioria das reações são geralmente pequenas e temporárias, como um braço dolorido ou uma febre rápida. Eventos graves de saúde são “extremamente” raros, além de monitorados e investigados.

“A vacina combinada contra a difteria, tétano e coqueluche e a vacina contra a poliomielite causam a síndrome da morte súbita infantil”

Adultos também devem atualizar calendário de
 vacinas, conforme o Ministério.
Foto: Fabiane de Paula
Não há relação causal entre a administração de vacinas e a síndrome da morte súbita infantil (SMSI), também conhecida como síndrome da morte súbita do lactente. No entanto, essas vacinas são administradas em um momento em que os bebês podem sofrer com essa síndrome. Assim, “as mortes por SMSI são coincidentes à vacinação e teriam ocorrido mesmo se nenhuma vacina tivesse sido aplicada”.

“As doenças evitáveis por vacinas estão quase erradicadas, por isso não preciso me vacinar”

Embora as doenças evitáveis por vacinação tenham se tornado raras em muitos países, os agentes infecciosos continuam circulando em algumas partes do mundo. Com a globalização, eles podem atravessar fronteiras geográficas e infectar qualquer pessoa que não esteja protegida.

“Aplicar mais de uma vacina ao mesmo tempo em uma criança pode aumentar o risco de eventos adversos prejudiciais”

Evidências científicas mostram que aplicar várias vacinas ao mesmo tempo não causa aumento de eventos adversos sobre o sistema imunológico das crianças. Segundo o Ministério, uma criança é exposta a muito mais antígenos (substâncias que levam à produção de anticorpos) de um resfriado ou dor de garganta do que de vacinas. Além disso, aplicar várias vacinas ao mesmo tempo levam a menos visitas ao posto de saúde ou hospital, o que economiza tempo e dinheiro; e a uma maior probabilidade de que o calendário vacinal seja completado.

“As vacinas contêm mercúrio, que é perigoso”

O tiomersal é um composto orgânico que contém mercúrio e é o conservante mais utilizado para vacinas fornecidas em frascos multidose. No entanto, conforme o Ministério, não existe evidência que sugira que a quantidade de tiomersal utilizada nas vacinas represente um risco para a saúde.