quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Emocionado, Cardozo condena fala de Janaína sobre netos de Dilma Rousseff

"Acho inadmissível alguém pedir a condenação e dizer que o faz pelos netos dessa pessoa”

O advogado de defesa da presidente afastada Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo, afirmou que as palavras da advogada de acusação, Janaína Paschoal, no julgamento de impeachment, foram “muito duras”. “Para quem conhece Dilma Rousseff, pedir sua acusação para defender seus netos é algo que me atingiu muito fortemente”, disse ao se referir à fala final de Janaína.
Visivelmente emocionado e com lágrimas nos olhos, Cardozo falou: “Achei profundamente injusta a menção aos netos. Eu não condeno alguém dizendo que vou resolver o futuro dos netos. Acho inadmissível alguém pedir a condenação e dizer que o faz pelos netos dessa pessoa”, afirmou Cardozo.
Cardozo e Janaína se emocionam nas argumentações finais
Cardozo e Janaína se emocionam nas argumentações finais
No final do discurso da defesa, o advogado afirmou que, se a presidente for condenada, espera que algum ministro da Justiça peça desculpas a ela ou a sua família no futuro – a exemplo do que ocorreu com os anistiados.
“Peço a Deus que, se Dilma for condenada, um novo ministro da Justiça tenha a dignidade de pedir desculpas a ela. Se viva, a ela. Se morta, a sua filha e netos. Que a história absolva Dilma Rousseff, se vossas excelências quiserem condená-la.”
Janaína
Em sua fala, Janaína Paschoal, também emocionada e chorando ao microfone, pediu desculpas à presidente da República afastada por saber que a situação que ela vive não é fácil e, como uma das autoras do processo, ter causado sofrimento à petista. "Peço que ela um dia entenda que eu fiz isso pensando também nos netos dela", disse Janaína.
A advogada afirmou ainda que, como mulher, sofreu "mais que ninguém" por ter solicitado o afastamento de Dilma, pelo fato de ser a primeira mulher na Presidência da República. "Ninguém pode ser perseguido por ser mulher. No entanto, ninguém pode ser protegido por ser mulher. Fosse um homem, eu pediria o impedimento. Não seria justo que eu assim não procedesse pelo fato de ser mulher”, afirmou.