Aos 16 anos, Bruno Dornelas de Castro tinha um emprego no comércio. Mas não era isso que sua mãe queria para ele. Achava que o mais importante, naquela idade, era o foco nos estudos. Bruno atendeu ao pedido da mãe, deixou o emprego e se formou no ensino médio no ano passado. Havia chegado a hora de entrar na faculdade. Mas as coisas mudaram desde então. Com a inflação em alta atingindo em cheio o orçamento da família, o rapaz, hoje com 18 anos, agora precisa voltar a trabalhar para bancar os estudos.
A realidade de Bruno é a mesma de milhares de brasileiros que, de repente, se viram na obrigação de voltar ao mercado de trabalho para ajudar nas despesas domésticas. Essa mudança é provocada tanto pela disparada dos preços, que corrói a renda, quanto pelo desemprego de membros da família, o que compromete o orçamento. Só em maio deste ano, o número de chefes responsáveis pelo sustento do domicílio que estavam desempregados subiu 54,4% em relação a igual mês de 2014, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE. Com isso, a procura por trabalho aumentou principalmente entre jovens e mulheres.