domingo, 29 de março de 2015

Piloto gritou para copiloto abrir a "maldita porta"

ACIDENTE AÉREO

Folhapress | 12h29 | 29.03.2015

Gravações da primeira caixa preta encontrada permite ouvir as tentativas do piloto da aeronave para entrar na cabine de comando

Germanwings
O avião da Germanwings caiu nesta terça-feira no Sul da França, na região dos Alpes; 150 pessoas morreram
REUTERS
Andreas Lubitz
Gravações mostram os últimos momentos dentro do avião que caiu nos Alpes franceses
REPRODUÇÃO
O piloto do avião que caiu nos Alpes franceses na última terça-feira (24), causando a morte de seus 150 ocupantes, pediu aos gritos para que o copiloto, que teria derrubado deliberadamente a aeronave, abrisse "a maldita porta" enquanto tentava arrombá-la, mostraram as gravações da primeira caixa preta encontrada.
Quando o copiloto, Andreas Lubitz, 27, já teria acionado o sistema de descida, e os controladores aéreos franceses tinham tentado, às 10h32, contatar sem sucesso o avião, a gravação registra o sinal de alarme automático de perda de altura, revelou neste domingo (29) o jornal alemão "Bild".Imediatamente depois se ouve um forte golpe, como se alguém tentasse abrir com um chute a porta da cabine, e a voz do capitão, Patrick Sondenheimer, gritando: "Pelo amor de Deus, abra a porta!".
Ao fundo é possível ouvir os gritos dos passageiros. Às 10h35, quando o avião ainda estava a sete mil metros de altura, a gravação registrou "ruídos metálicos fortes contra a porta da cabine" como se ela estivesse sendo golpeada.
Noventa segundos depois, a cinco mil metros de altura, um novo alarme é ativado, e é possível ouvir o piloto gritar: "Abra essa maldita porta!".
Às 10h38, ainda a cerca de quatro mil metros de altura, é possível ouvir a respiração do copiloto, que não diz nada.
Às 10h40, o aparelho toca a montanha com a asa direita e de novo são ouvidos gritos dos passageiros, os últimos sons registrados pela caixa-preta.
A hora e meia de gravação resgatada revelou também como o capitão, às 10h27 e a 11.600 metros de altura, pede ao copiloto que comece a preparar a aterrissagem em Düsseldorf e ele responde, entre outras palavras, com um "tomara" e um "vamos a ver".
Ansiedade
Andreas Lubitz, que acumulava uma experiência de 630 horas de voo, sofria de transtorno de ansiedade generalizada (TAG), segundo informou neste domingo (29) o jornal francês "Le Parisien". De acordo com a publicação, os médicos que o atenderam aplicaram injeções de olanzapina, que tem efeito antipsicótico, e recomendaram que Lubitz praticasse esportes para recuperar a autoconfiança. Lubitz  também aparentava ter problemas com o sono, para o qual foi recomendado a usar o antidepressivo agomelatina.
A promotoria de Düsseldorf informou nesta sexta-feira que encontrou documentos médicos "que apontam uma doença e o tratamento médico correspondente" na casa de Lubitz e na de seus pais, na cidade alemã de Montabaur. O site do jornal alemão "Die Welt" informou na semana passada que agentes da polícia acharam vários remédios para tratar um grave "transtorno psicossomático" no apartamento em Düsseldorf.
Em entrevista coletiva nesta quinta-feira (26), quando foi comunicado que as gravações permitem concluir que o copiloto derrubou intencionalmente a aeronave, que fazia o trajeto entre Barcelona (Espanha) e Düsseldorf (Alemanha), o promotor de Marselha qualificou as respostas do copiloto a seu comandante de "lacônicas".
Após decolar com atraso de Barcelona, o comandante tinha explicado ao copiloto, entre outras coisas, que não tinha tido tempo de ir ao banheiro, e Lubitz ofereceu assumir o comando da aeronave em qualquer momento. Depois do controle para preparar a aterrissagem o copiloto volta a oferecer ao comandante assumir o comando para que ele possa ir ao banheiro. Dois minutos mais tarde, Sondenheimer diz: "Pode assumir o comando". Então é ouvido o barulho de uma cadeira e da porta se fechando.
Exatamente às 10h29 o radar registrou a primeira diminuição de altitude do avião.
FONTE: 
JORNAL DIÁRIO DO NORDESTE

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