JORNAL DO BRASIL
O voto do senador e ex-presidente Fernando Collor na sessão do Senado que aprovou a admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff era cercado de grande expectativa, já que ele próprio sofreu este processo nos anos 1990. E na madrugada de quinta-feira (12), ele deu seu "sim" pelo afastamento da presidente.
Mas qualquer que fosse o voto de Collor, uma certeza havia: a de que sua participação denigria o processo em função de todo o seu envolvimento na Operação Lava Jato. Como se não bastasse o seu passado que culminou com seu impeachment como presidente, Collor ainda arrasta o seu presente.
Impeachment
O processo de impeachment contra o então presidente Fernando Collor foi precedido pelo escândalo de corrupção “PC Farias”, denunciado pelo irmão do presidente, Pedro Collor de Melo. Parlamentares falavam que PC Farias costumava anunciar que das propinas recebidas, 30% iria para seu bolso e 70% para o do presidente. Para investigar o caso, foi instaurada uma Comissão Parlamentar de Inquérito pelo Congresso Nacional.
O processo
A CPMI demorou meses e contou com os depoimentos de funcionários de Collor. Deputados e senadores trabalharam por 85 dias. No dia 26 de agosto de 1992, o relatório da CPMI, do senador Amir Lando, foi aprovado, acusando o presidente Collor por supostamente ter despesas pagas com dinheiro público desviado.
No dia 1º de setembro de 1992, os então presidentes da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Barbosa Lima Sobrinho, e da Ordem dos Advogados do Brasil(OAB), Marcelo Lavenère, apresentaram a denúncia pelo processo de impeachment. No mesmo dia, o então presidente da Câmara Ibsen Pinheiro aceitou o pedido, e, dois dias depois, a comissão especial foi criada e iniciou os trabalhos, presidida pelo deputado Gastone Righi, com relatoria de Nelson Jobim.
O parecer favorável à abertura do processo de impeachment foi aprovado por 32 votos a 1, no dia 24 de setembro, na comissão especial. A Câmara dos Deputados, no dia 29 de setembro, votou a favor da abertura do processo contra Collor, por 441 votos a favor, 38 contra, 1 abstenção e 23 ausências. Grande parte dos integrantes do partido de Collor - PRN ou Partido da Reconstrução Nacional - votaram contra ele.
A votação do Senado que aceitou a abertura de processo e afastou Collor ocorreu apenas dois dias depois da votação da Câmara. O Senado recebeu a denúncia no dia 30 de setembro, e criou Comissão Especial, com presidência de Élcio Alvares e relatoria de Antônio Mariz. O parecer foi apresentado e aprovado no mesmo dia. No dia seguinte, o relatório foi votado e aprovado e, no dia 2 de outubro, Collor - que a esta altura já havia renunciado - foi afastado da presidência.
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