quarta-feira, 25 de março de 2015

GRAVIDEZ TARDIA AUMENTA OS RISCOS DE SÍNDROME DE DOWN

GESTAÇÃO

09h15 | 25.03.2015

Alteração cromossômica ocorre por falha na divisão celular do óvulo


Adiar a gravidez é uma escolha muito comum entre as mulheres na atualidade. Cada vez mais, a vida profissional, a situação econômica ou mesmo, fatores sociais, fazem com que o desejo da maternidade seja postergado. Essa decisão quase coletiva contribuiu para aumentar, nos últimos 20 anos, os diagnósticos de Síndrome de Down, segundo um relatório divulgado pela Queen Mary University, de Londres. 
O estudo indica que o número de casos identificados entre 1989 e 1990 na Inglaterra e em Gales foi de 1.075. No período de 2007 e 2008, no entanto, o mesmo dado saltou para 1.843, um aumento de 71% atribuído à maternidade tardia. A pesquisa ainda conclui que a probabilidade de ter um bebê com Síndrome de Down é de uma, entre 940 mulheres, com mais de 30 anos. O índice cresce no caso das que optam pela maternidade acima dos 40 anos, uma, em cada 85 mulheres britânicas.  Segundo o ginecologista responsável pela área de reprodução humana da Criogênesis, Dr. Renato de Oliveira, os dados apresentados pela pesquisa britânica representam a realidade brasileira também. “O adiamento da gravidez é uma escolha muito comum das mulheres nos dias de hoje. O número de grávidas ou mulheres tentando engravidar entre 30 e 40 anos tem aumentado nos últimos anos. Pelo menos 20% das mulheres aguardam até os 35 anos para iniciar uma nova família”, comenta.
À medida que a mulher vai envelhecendo, a quantidade disponível de oócitos (gametas femininos) vai naturalmente diminuindo. “Ao nascer, a menina já perde 70% dos oócitos, resultando em aproximadamente 2 milhões de gametas. Na menarca, ou seja, primeira menstruação, possui 300 a 500 mil. Em 30 anos de vida reprodutiva, estima-se que apenas 500 oócitos serão selecionados para serem ovulados. E, depois dos 35 anos, há uma queda importante tanto da quantidade quanto da qualidade dos oócitos maternos, que por possuírem a idade da mãe, ficam mais suscetíveis a alterações genéticas e erros na divisão celular quando fecundado. Assim, principalmente após os 40 anos, a probabilidade do bebê sofrer de alguma síndrome genética aumenta”, explica.  
Mas a medicina tem avançado bastante, principalmente nos tratamentos da infertilidade, muito populares entre mulheres que já atingiram 35 anos ou mais. Para aquelas que optam pela fertilização in vitro, é possível identificar o risco de anomalias genéticas antes do embrião ser implantado. “Na técnica chamada PGD (Diagnóstico Genético Pré-implantacional), por exemplo, uma célula é retirada do embrião para a análise de anomalias. Assim, muitos problemas podem ser diagnosticados e, até mesmo evitados. Mas se a gestação já tiver ocorrido, a mulher deve passar por um rastreamento de anomalias, com exames de sangue e de ultrassom que apontam o risco de algumas doenças genéticas”, explica.
Precauções
Dr. Renato levanta alguns pontos importantes e que devem ser ponderados para se evitar surpresas e problemas de infertilidade. “O caminho é a prevenção. É preciso passar por consultas periódicas com ginecologistas. É indicado também, antes de se gerar um bebê, que o casal faça exames pré-concepcionais. Visto que algumas doenças, o quanto antes o diagnóstico for feito, maiores são as chances de tratamento ou as possibilidades de evitar uma gravidez na que poderia complicar na vigência de certas complicações”.
Já para as mulheres que desejam engravidar após os 35 anos, o especialista faz algumas recomendações específicas. São elas:
1) Primeiramente, avaliar se realmente é necessário e fundamental postergar a gravidez;
2) Em seguida, caso seja esta a opção, é fundamental fazer exames a fim de avaliar a condição clínica da paciente e evidenciar alguns riscos para a futura gestação;
3) Caso tudo esteja bem, é indicado uma suplementação vitamínica de ácido fólico no mínimo 30 dias antecedentes da concepção, idealmente 3 meses antes. Isto pode reduzir o risco de defeitos no fechamento do tubo neural do bebê;
4) Por estarem mais sujeitas ao abortamento, é recomendado para as grávidas acima de 35 anos, assim que confirmada a gravidez, a realização de um exame de ultrassom a fim de se verificar a formação embrionária. A suplementação com progesterona deverá ser avaliada pelo médico do pré-natal;
5) Avaliar a possibilidade de preservação da fertilidade em idade mais jovem para a tentativa posterior de gravidez, uma vez que seu próprio gameta apresentará um menor risco de alterações genéticas, em relação aos oócitos atuais.

FONTE: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/vida/online/gravidez-tardia-aumenta-os-riscos-de-sindrome-de-down-1.1251637

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