sábado, 25 de junho de 2016

Número de partos por cesárea cresce 40% consolidando domínio da prática


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Em uma década e meia a quantidade de partos por cesariana no Brasil aumentou mais de 40%. Nesse período, a predominância do parto normal foi desfeita: se no ano 2000 as cesáreas representavam 38% dos nascimentos, os dados recentes mais completos indicavam uma taxa de 57%.
As estatísticas do Sistema Nacional de Informações sobre Nascidos Vivos, do Ministério da Saúde, apontam como esse procedimento cirúrgico, indicado para partos de alto risco, ganhou espaço mesmo em casos sem indicação médica e se consolidou como líder no país nos últimos seis anos.
Com o alto crescimento de cesárea, governo e entidades profissionais do setor foram levados a tomarem medidas para diminuir os riscos aos bebês.
O CFM (Conselho Federal de Medicina) divulgou nesta semana uma resolução que define que gestantes têm direito de optar pela cirurgia, mas veta que ela ocorra com mens de 39 semanas de gestação –antes desse período, avalia que os bebês ainda não estão totalmente maduros. As cesáreas foram responsáveis em 2014 pela chegada de 1,7 milhão de bebês –contra 1,2 milhão em 2000.
“Há mais de 30 anos que os números [de cesáreas] vêm aumentando”, disse Eduardo Cordioli, da Sogesp (associação de obstetras de SP). “É um problema crônico que está chegando a um limite insuportável para o sistema.”
Ele e outros especialistas ouvidos pela Folha mostram alguns dos motivos para o crescimento: medo de sentir dor no parto normal, falta de leitos nas maternidades e de profissionais, baixa remuneração dos médicos e falta de informação às gestantes.
A lista vai além. “Os médicos passaram a organizar a agenda em função de fazer partos cesáreas, os hospitais deixaram de ter lugar para parto normal e ampliaram a UTI neonatal, e as mulheres passaram a entender o parto cirúrgico como uma tecnologia. Vários mitos foram criados”, afirma Martha Oliveira, diretora da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
Ela lembra que a situação “é mais grave” nos planos de saúde -chega a 84,6%.
No ano passado, a ANS lançou medidas que proibiam a cesárea agendada. Após críticas, voltou a liberar a possibilidade, desde que a gestante assine um termo de consentimento. Agora, a ideia é investir em parcerias com hospitais para reorganização do modelo de atendimento.
A mudança no modelo é defendida por Ana Cristina Duarte, do Grupo Maternidade Ativa. “Se não houver medidas, a tendência sempre vai ser fazer o que dá mais dinheiro e gasta menos tempo”, diz ela, que prega a maior participação de enfermeiros obstétricos em partos de baixo risco.
Com Folha de São Paulo

FONTE: Ceará Agora

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