quinta-feira, 26 de março de 2015

Mulher morde cunhado que tentava separar briga e ele morre

SUL DE MINAS

Médicos que atenderam a vítima também podem ser indiciados caso fique comprovado que houve negligência, imprudência ou imperícia






PUBLICADO EM 25/03/15 - 16h11

A Polícia Civil deve indiciar a mulher de 27 anos que mordeu o cunhado e causou a morte dele em Passos, no Sul de Minas, por lesão corporal seguida de morte. O inquérito foi instaurado no último dia 19, e o prazo para a sua conclusão é de 30 dias. No entanto, de acordo com o delegado Marcos Pimenta, que está a frente do caso, foi pedido prioridade na apuração e a conclusão pode ficar pronta na próxima semana.
De acordo com o policial, a agressão aconteceu no fim de fevereiro, quando a mulher foi a casa da mãe do companheiro, já que tinha brigado com ele. No local, ela passou a discutir com o homem na frente dos filhos dele, e o irmão dele tentou separar a briga.
"Ela contou que para afastar o cunhado deu uma mordida em seu braço. Mas não foi uma mordida fraca, dessas que só deixam uma marquinha, foi uma mordida forte, de arrancar a pele", conta Pimenta. Depois do episódio, Nilton foi orientado pela mãe a passar álcool combustível no ferimento para desinfectar. Ele foi a um posto de gasolina na cidade, comprou o produto e começou a tratar desta o ferimento.
Ao longo da semana seguinte, a vítima passou a reclamar que as dores no braço haviam aumentado. "Ele então procurou uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) na cidade e foi atendido por um médico plantonista que lhe receitou um remédio para gripe e um anti-inflamatório", explica o delegado.
Nilton foi para a casa, mas no dia seguinte, as dores aumentaram e ele voltou a UPA, onde foi atendido por outro médico que lhe receitou novos medicamentos. "Como ele estava se sentindo muito debilitado, não conseguia se alimentar direito, ele pediu ao médico que administrasse soro na veia, e o profissional atendeu", relata ainda Pimenta.
Enquanto ele ficava no soro, houve a troca de turno dos médicos na UPA, e o novo profissional que o atendeu considerou o caso gravíssimo e pediu exames. Com o resultado em mãos, ele encaminhou a vítima para a Santa Casa de Passos, onde foi atendida por outros médios que decidiram interná-lo.
Nilton passou por uma cirurgia de urgência para tratar o ferimento, mas ele acabou não resistindo e morreu.
Ocorrência tardia
Segundo o delegado Marcos Pimenta, a Polícia Civil só ficou sabendo do ocorrido depois da morte da vítima. "A Polícia Militar foi a casa da vítima no dia da briga, mas não registrou a ocorrência. Só após a família procurar a delegacia, depois da morte de Nilton, é que foi feito o registro e instaurado o inquérito policial, no dia 19 de março", conta.
A suspeita já foi ouvida e liberada, e a polícia também já ouviu as testemunhas. Pimenta ainda relata que em casos de mortes violentas, o médico legista da Polícia Civil deve ser avisado, no entanto, os médicos da Santa Casa fizeram o atestado de óbito. "Esse atestado teria que ser feito pelo médico legisla", explica.
Segundo ele, o prontuário do paciente será encaminhado ainda nesta quarta-feira (25) para o médico legista, para que seja elaborado um novo laudo. A polícia também não descarta a possibilidade de exumação do corpo de Nilton.
Indiciamento
A suspeita deve ser indiciada por lesão corporal seguida de morte, e não por homicídio. A pena para este crime vai de 4 a 12 anos de prisão, mas a pena pode ser reduzida caso o juiz entenda que ela agiu sob "domínio de violenta emoção". Ao delegado, a mulher contou que jamais teve intenção de matar o cunhado, que só queria que ele tirasse os braços dela, e contou também que se dava muito bem com ele.
A Polícia Civil também apurou que a suspeita já esteve envolvida em episódios semelhantes, e que ela costumava agir da mesma forma quando exaltada: com mordidas.
A postura dos médicos também será investigada, e a polícia não descarta o indiciamento dos profissionais, caso fique constatado que houve negligência, imprudência ou imperícia no caso.
Alerta
"Este caso não é rotineiro, mas em conversa com os médicos legistas, foi salientado que a mordedura humana é tão grave quanto a de qualquer animal, porque a boca é um local que concentra muita bactéria, resto de alimentos, e dependendo da pessoa, pode ter também alguns vírus", explica o delegado Marcos Pimenta.
"Eu gostaria de salientar também que as pessoas envolvidas são muito humildes, então na cabeça das pessoas pode parecer loucura a mãe da vítima ter a orientado a passar combustível no ferimento, mas para ela, ela estava ajudando o filho", completa.
FONTE: http://www.otempo.com.br/cidades/mulher-morde-cunhado-que-tentava-separar-briga-e-ele-morre-em-passos-1.1014678

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